Eu não lembro muito bem à idade, mas lembro de sempre dizer para minha mãe que queria ser patrão. Bom parece que fui me moldando para isso sem mesmo saber.
Bem, meu primeiro contato com o empreendedorismo foi aos 4 anos, quando pedi
para minha mãe comparar uma caixa de chocolates batom para que pudesse vender
na porta da minha casa. Minha mãe achou muito bonitinho o meu pedido e comprou
a caixinha. Então eu comecei a vender os chocolates. Minha mãe me colocava no portão
sentado em um banquinho e ficava comigo me vendo vender para as pessoas que
passavam. Não me lembro do quanto vendi, mas sei que a maioria acabou dentro da
minha barriga, até porque sou chocólatra, desde sempre, então uma venda de
chocolate aos 4 anos não daria muito certo.
Já
mais velho, com aproximadamente uns 7 anos, comecei a vender pipas, brincadeira
mais famosa da época depois do futebol. Minha casa tinha o quintal muito
grande, então eu pegava as pipas que caiam e vendia mais barato que as lojas de
pipas da época, tinham custo zero e meu faturamento se baseava nas pipas que
caiam em minha casa. Lógico que gastava tudo que tinha com coisas de crianças.
Mas esse empreendimento também acabou logo.
Em
uma tarde, estava sozinho em casa e alguns garotos mais velhos pediram para
comprar pipas. Eu tinha o maior estoque de pipas desde então. Minha mãe sempre
me falava para não abrir o portão para ninguém, mas resolvi abrir para ganhar o
dinheiro e tive um fim trágico, rs. O primeiro garoto me deu R$ 0,70 para 2
pipas, mas o restante não deu nada, então eles entraram em minha casa e
roubaram todas as pipas. Ali meu negócio acabou. Eu fiquei um bom tempo sem
contar nada a minha mãe, mas ela desconfiou, lembro-me dela perguntando o que
tinha acontecido, mas eu menti para que ela não brigasse com as pessoas na rua
e nem comigo.
Eu
não consigo medir quanto isso foi importante em minha vida, mas acredito que
mesmo das coisas mais simples nos temos que tirar lições boas e ruins, então
vamos a elas.
· Eu
tinha 4 anos, não imaginava em me planejar, provavelmente se tivesse um
planejamento e uma base de educação financeira, saberia que comeria mais
chocolates do que venderia e teria um prejuízo. Então antes de se aventurar,
planeje bem seus processos e seus negócios, para não ser pego de surpresa.
A educação financeira em países desenvolvidos é ensinada na
pré-escola, como é o caso da Inglaterra que instituiu como obrigatório o ensino
da matéria da pré-escola ao ensino médio. Infelizmente essa é uma realidade que
está longe de acontecer no Brasil. Mesmo a matéria ajudando a população a sair
dos grandes níveis de endividamento correntes hoje.
· Na
venda das pipas cometi alguns erros que não se deve cometer em qualquer
negócio:
1. Eu
dependia de um fornecedor inconstante, a “sorte”, só teria venda se o vento
trouxesse as pipas até a minha casa. Quando você não tem talento para ser
produtor, tenha mais de um fornecedor de confiança, que não vai te deixar sem
produtos.
2. Você
não deve fugir do planejamento do seu negócio a não ser que esteja preparado
para as consequências. Só assuma riscos calculados, se não for assim, talvez
você não consiga segurar a pressão do seu erro e seu negócio ter vida curta.
“Se eu não tivesse aberto o portão não teria sido roubado e perdido todas as
pipas”. Existem horas certas para assumir riscos, isso depende muito de sua
reserva de recursos.
3. Mentir
nunca, sempre que você mente para alguém sobre qualquer coisa você está
mentindo para você mesmo. E sempre que mentimos enxergamos menos o problema e
isso afeta na hora da resolução, podendo também ser determinante para sua vida
e seus negócios.
Essas
lições eu demorei algum tempo para aprender. Vocês vão ver como isso irá se
repetir ao longo das histórias, mas o importante é que nunca é tarde para você
aprender algo com seus erros e corrigi-los, então ainda dá tempo para todos.
Abaixo
seguem alguns links sobre a mortalidade das empresas por falta de planejamento,
para complementar nosso aprendizado.
Dois
cursos que fiz no SEBRAE também podem ajudar:
APF:
Análise de Planejamento financeiro (gratuito)
Controle
Financeiro (Em 2010 o custo foi de R$ 100,00)
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