quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Saudades da mesa corrida. Hã?

É possível alguém se apegar a bens materiais como se apega a outra pessoa? Bem, não quero discutir sobre apego ou qualquer futilidade. Quero somente mostrar a falta que um bem material fez aos meus familiares depois de vendido. Falo de uma mesa corrida, equipamento mais importante da estamparia. Nela foram estampadas peças para várias marcas como Redley, HB, Cyclone, Tocaia, Atol das Rocas, GriffdeRua, entre muitas outras.

Além de grande importância para indústria têxtil carioca a mesa ajudou muita gente. A 
começar pela minha família, posto que conseguimos muita coisa através de seu uso, inclusive a casa que vivemos hoje.
Lembro-me das pessoas que corriam em volta dela, foram mais de 30 e chegamos a ter 17 colaboradores ao mesmo tempo. Muitas dessas pessoas eram jovens e tinham ali seu primeiro emprego. Moramos em um lugar pobre onde o índice de jovens no tráfico é grande e essa mesa ajudou a muitos deles a sair desse meio. Hoje temos desses jovens grandes estampadores, pastores, profissionais de diversas áreas que não deram brecha para criminalidade. Minha juventude foi envolta da mesa, algumas vezes brincando e outras trabalhando a frente da GriffdeRua. Foram longos 14 anos com essa mesa em nosso quintal. Com 12m por 2,5m ela ocupava um espaço enorme e estávamos loucos para vendê-la, mas sabe que quando vendemos não ficamos tão felizes assim. Esse conjunto de ferragem e madeiras carregava vários pedaços de várias histórias que foram revividas enquanto ela estava sendo desmontada. A GriffdeRua acabou há dois anos, mas a mesa ainda estava ali. Ela era o laço que não deixava a empresa morrer em nossos corações. Sabíamos que se a situação ficasse ruim novamente ela estava lá para nos ajudar a levantar. E agora não está mais.  
Que bom que podemos seguir em frente de vez, porém é triste sentir que realmente acabou!

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